Levantamento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) mostra que apenas 53,8% das crianças brasileiras matriculadas na escola conseguem terminar a 8ªsérie (ou 9º ano). O Relatório de Monitoramento de Educação para Todos (PDF), divulgado na quarta-feira (30/04), com dados referentes a 2005, indica que a situação piorou em relação a 1999, quando 61,1% dos jovens concluíam o nível fundamental. O problema é provocado pelos altos índices de repetência e evasão. Na 1ª série do ensino fundamental, informa o documento, 27,3% das crianças brasileiras foram reprovadas. Na faixa dos 15 ao 17 anos, embora 82% estejam na escola, apenas 46,9% freqüentam a série correta. “A repetência só é maior nos países africanos” disse o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny.
Metas – Com uma das maiores taxas de repetência do planeta, o Brasil corre o risco de não atingir pelo menos três dos seis objetivos do compromisso Educação para Todos, estabelecido mundialmente em 2000, com metas até 2015. Entre elas, a oferta de ensino de qualidade e a redução pela metade do analfabetismo de jovens e adultos. No ranking dos 129 países avaliados pela Unesco, o Brasil encontra-se na 76ª posição quanto à possibilidade de cumprimento de todas as metas, perdendo para Argentina (27ª), Chile (37ª), Venezuela (64ª) e Peru (65ª). Apesar dos dados estatísticos pouco favoráveis, o relatório da Unesco é otimista, uma vez que ressalta a sintonia das políticas públicas educacionais, principalmente do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). “Para um novo quadro na educação brasileira, é necessário monitorar o que está sendo feito pelos estados e municípios para assegurar melhores desempenhos”, diz assessor especial da Unesco Célio da Cunha.
Editoriais – A pesquisa gerou debates em alguns veículos. Para o jornal Zero Hora, os problemas que afetam a educação só acabarão quando o conhecimento básico estiver universalizado. “No momento em que o Brasil comemora resultados econômicos auspiciosos, os estrategistas de nosso país, no governo e fora dele, não podem ignorar a necessidade de planejamento e de recursos prioritários para inverter a paisagem do ensino”, diz. Já o jornal O Globo defende que mais que aumento de salário, o que é preciso, na maioria dos casos, é melhorar a motivação das escolas e dos professores. “A nossa república pedagógica ainda depende excessivamente de pequenas injunções locais, de indicações políticas. Não é de estranhar que a performance piore, em vez de melhorar”, diz.
[O Globo (RJ), Demétrio Weber; O Estado de São Paulo (SP), AlexandreGonçalves; Correio Braziliense (DF), Paloma Oliveto; Correio do Povo
(RS); Diário Catarinense (SC); O Globo (RJ); Zero Hora (RS); Diário
Catarinense (RS); O Tempo (MG); Estado de Minas (MG); Diário do
Nordeste (CE); Gazeta do Povo (PR); Diário do Amapá (AP); Amazonas em
Tempo (AM) – 01,02,03,04 e 05/05/2008]
Fonte: www.andi.org.br